Direita radical domina eleição para Conselho Constitucional no Chile

© D.R.

Um partido de direita radical garantiu o direito de veto no Conselho Constitucional, que irá redigir uma nova Constituição do Chile, depois de a população ter rejeitado em setembro uma primeira proposta de revisão.

Com mais de 99% do votos contados, o Partido Republicano conseguiu 35% dos votos e garantiu 22 dos 50 membros eleitos do novo órgão, com uma coligação de centro-direita, a Chile Seguro, a conseguir 21% dos votos e 11 assentos no Conselho Constitucional.

O resultado da eleição é uma derrota para o Presidente chileno. A coligação de centro-esquerda que apoia Gabriel Boric ficou em segundo lugar, com 28% dos votos e 17 assentos no Conselho Constitucional.

Além dos 50 membros eleitos no domingo, o novo órgão vai contar também com a participação vinculativa de 24 peritos designados, 12 pela Câmara de Deputadas e Deputados e 12 pelo Senado.

O processo não vai partir do zero, mas sim a partir de um anteprojeto, que inclui a menção do Chile como Estado unitário, o Estado de direito social e democrático, o reconhecimento dos povos indígenas e a manutenção de organismos autónomos como o Banco Central.

O Conselho Constitucional terá cinco meses para redigir uma nova proposta, que será submetida a um segundo referendo em 17 de dezembro.

O líder e fundador do Partido Republicano, José Antonio Kast, afirmou no domingo que “o Chile derrotou um Governo falido” que foi “incapaz de enfrentar a insegurança e a crise migratória”.

“Hoje podemos respirar um pouco mais tranquilos, um pouco mais aliviados e dizer com responsabilidade e esperança que hoje é o primeiro dia de um futuro melhor para o nosso país, é o primeiro dia de um novo começo para o Chile”, acrescentou.

Kast indicou que “não há nada para comemorar”, porque “o Chile não está bem”, mas que pode “estar feliz” por ter alcançado “uma meta importante”, na qual “triunfaram as ideias do bom senso”.

O Partido Republicano há muito que se opõe à mudança da constituição, herdada da ditadura do general Augusto Pinochet (1973-1990) e parcialmente revista já em democracia.

O presidente chileno pediu no domingo ao partido que “agisse com sabedoria e moderação”.

À televisão nacional chilena, Gabriel Boric exortou o Partido Republicano “a não cometer os mesmos erros” do primeiro processo constitucional, dominado pela esquerda e que fracassou em setembro.

Num referendo realizado em setembro, 62% dos eleitores chilenos rejeitaram uma proposta inicial de revisão considerada das mais progressistas do mundo, ao estabelecer territórios indígenas autónomos e incluir a proteção do meio ambiente e a paridade de género.

Últimas do Mundo

O juiz do Supremo Tribunal Federal (STF) brasileiro Alexandre de Moraes negou hoje um pedido do ex-Presidente Jair Bolsonaro para recuperar o seu passaporte e viajar para os Estados Unidos, onde pretendia assistir à posse de Donald Trump.
A Comissão Europeia indicou hoje não ter "qualquer intenção" de suspender atividades das plataformas digitais -- como o X ou o TikTok -- na União Europeia (UE), apesar do processo sobre riscos eleitorais, vincando que isso seria o "último recurso".
A Human Rights Watch (HRW) apontou hoje como pontos críticos em Angola a fome que atinge uma em cada quatro crianças, a brutalidade policial e leis que violam direitos humanos, conclusões que constam no seu relatório sobre 2024.
Os esforços do líder chinês, Xi Jinping, para centralizar o poder resultaram no aumento da repressão em todo o país, com impacto mais severo nas regiões do Tibete e Xinjiang, afirmou hoje a organização Observatório dos Direitos Humanos (ODH).
A inflação na Argentina chegou a 117,8% em 2024, a mais alta da América Latina, mas desceu 94 pontos em relação a 2023, tornando-se a principal bandeira do Presidente, Javier Milei, mas a valorização da moeda preocupa economistas.
A Human Rights Watch (HRW) acusou esta quinta-feira o governo de Hong Kong de ter intensificado um programa de perseguições e condenações de ativistas desde a introdução da nova lei de segurança nacional no ano passado.
O gabinete do primeiro-ministro de Israel, Benjamim Netanyahu, diz que o Conselho de Ministros só se vai reunir para aprovar o acordo de cessar-fogo quando o Hamas esclarecer "crise de última hora".
O líder supremo do Irão, Ali Khamenei, disse hoje que a Palestina e o Eixo da Resistência, a aliança informal contra Israel liderada por Teerão, forçaram Israel a retirar-se de Gaza.
O Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou hoje que o Governo de Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas chegaram a um acordo sobre a libertação dos reféns israelitas, que será publicado “em breve”.
A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou na terça-feira um projeto de lei que proíbe jovens transgénero de participarem em desportos femininos em faculdades e universidades que recebem financiamento público.