SNS – incompetência? Má gestão? Ou talvez não……

Nunca acreditei que os funcionários públicos fossem incompetentes ou mal formados. Tal como na iniciativa privada ou nas Forças Armadas ou de Segurança Pública, não há maus subordinados. Há maus dirigentes.

Também nunca acreditei que empresas do estado, que prestam serviços públicos, portanto não tendo como objectivo o lucro possam dar prejuízo ou sejam mais caros que na iniciativa privada, portanto quando tal acontece, “algo cheira mal no Reino da Dinamarca”.

Servem estas considerações como introdução a alguns factos a que a assisti.

Nos anos setenta, 1976 se não me falha a memória, frequentei um Curso de Técnico Radiologista, com estágio prático no Posto nº1 na Ressano Garcia em Lisboa. Esse posto tinha em funcionamento 17 salas em dois turnos diários, onde se realizavam todo o tipo de exames radiológicos.
Para ter uma ideia da importância deste serviço para a população, dependendo da sala, realizavam-se por turno 90 Exames ao Tórax, ou 70 Exames à coluna, pernas ou braços, 70 Exames extremidades, (pés, mãos) Úrografias, Crâneos, Tomografias, etc.

Este serviço tinha tudo para ser um êixito, porém…

No posto estava de serviço permanente um técnico especializado na manutenção e reparação dos aparelhos, mas que em caso de avaria, só lhes podia tocar com o prévio acordo do Director do Serviço, o que apesar de estar presente todos os dias, podia demorar uma semana a dar o aval.

Para este volume de serviço, o posto estava servido por uma Câmara Escura equipada com duas máquinas de revelação automática perfeitamente dimencionadas às exigências da tarefa, mas…
O problema surgia quando era necessário corrigir os banhos de revelação ou substitui-los, pois tinham prazo de utilização, ou as imagens nas radiografias ficavam sem definição, o que invalidava todo o exame obrigando a repetição.
Portanto era necessário comprar os produtos químicos e… Adivinharam, dias, por vezes semanas para o Sr. Director assinar a Requesição de compra.

Com todos estes problemas as repetições de exames eram elevadas e o serviço era apodado de ineficiente e os Técnicos Radiologistas de incompetentes.

Mas não julgue o leitor que os utentes ficavam sem as suas radiografias. Ao irem fazer a sua marcação ou remarcar o exame, com por vezes mêses de espera, a funcionária solícita, informava onde havia Laboratórios privados onde seriam atendidos mais rápidamente.

Estranhamente, nesses laboratórios, trabalhavam em segundos turnos, os mesmos Técnicos “incompetentes” do Posto 1. Falta adivinhar quem era o proprietário desse/s Laboratórios.

Claro que o Posto foi encerrado e a população passou a utilizar a rede de laboratórios privados que se foram formando e que tão caros saem ao SNS.

Como diz o povo, “não acredito em bruxas, mas que as há, há…”

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