E os outros em quem poder teve a morte – 25 de novembro

Não é em vão que estou sempre a citar Luís Vaz de Camões esse português extraordinário que levantou bem alto o esplendor de Portugal. No seu tempo o Sol nascia lá para oriente no enclave de Macau bem cedinho e punha-se a oeste da cidade de Ribeira Grande, nos Açores pelas 19H30, mais coisa menos coisa. Hoje para nós o sol nasce em Mogadouro lá pelas 07H25 e põe-se no mesmo sítio de sempre. 

Compreendo assim a noção de esplendor e de grandeza que o nosso poeta tinha e o orgulho com que nos descrevia. São tempos que não voltam mais, que lembrámos e respeitámos, mas que com o correr dos mesmos parecem esfumar-se no ar turbulento e viciado dos dias. 

Dos impérios que coordenavam os destinos do mundo manda a história que se diga que o britânico foi o maior, o Império onde o sol nunca se põe, diziam. Mas o português foi quem lhes abriu as portas do desconhecido. Quem lhes deu coragem imensa e que abriu as crenças negras e infernos, passou além da dor e gerou heróis por todo o mundo cantados.

O que fomos, por onde passámos, o que conquistámos, a fé que espalhámos e a civilização que levámos são para mim motivo de orgulho imenso e para todos nós história obrigatória de ser contada aos nossos filhos e netos. E para saber dela basta tão somente ler o que os antigos cronistas e historiadores modernos, e refiro-me aos verdadeiros historiadores, aqueles que se resumem aos factos e à liberdade e responsabilidade que têm de os unir em torno de um contexto temporal e de circunstância. Tentar interpretá-la através das redes sociais é sujeitar o saber a riscos desnecessários e a historiadores politicamente deformados que pouco ou nada se importam com o valor do homem e da sua circunstância. Mas adiante.

A 5 de Outubro ouvi falar no 25 de novembro, marco histórico da nossa história que em 1975 e graças a um punhado de portugueses impediu a tomada de poder pelos militantes do PCP e seus simpatizantes que juntos a paraquedistas revolucionários e a extremistas civis tentaram instalar em Portugal um novo “paraíso”. 

A coisa não correu bem à esquerda revolucionária e só a tolerância nacional sempre bem viva nos esquerdistas Melo Antunes e Costa Gomes, apoiada em sinistras ideologias sempre latente noutros intervenientes políticos aliados a militares chamados de moderados e pouco ou nada interessados em intervir na golpada, mas sempre à espera de ver para que lado caía a contenda. 

Deixaram que Álvaro Cunhal mandasse recolher a sua sempre militante e cobarde gente eram já altas horas da noite e já quando sabiam que as coisas não estavam a correr bem para o seu lado, afirmando sempre que nada tinham a ver com o assunto. Efetivamente tinham. 

Só um acordo celebrado à pressa, permitiu que o PCP saísse impune da intentona e por cá permanecesse todo este tempo. Dizer que nada tiveram a ver com o 25 de novembro é um atentado à inteligência e por isso só não entendível por idiotas e seguidores dos regimes assassinos e totalitários que por aí ainda andam.

Primeiro, Carlos Moedas avisou que para o ano celebraria o 25 de abril, mas também o 25 de novembro. Depois, Ana Gomes a transviada e malquerida socialista, lembrando Mário Soares de quem o PS constrangido se inibe agora de referenciar (porque será?), dizem contra a bancada radical socialista que o 25 de novembro é uma data a celebrar. O PSD manteve-se num silêncio e numa negação que confirma a falta de tato e jeito de um Monte cada vez mais Negro e que agora roça a cobardia com que desde há muito enfrenta a data que lhe permite viver em liberdade. Nós que há muito celebramos a data, que desde há muito respeitamos os comandos que tombaram perante cobardes assassinos, que desde sempre acusamos um PCP cobarde que quis fazer de Portugal outro país das “amplas”, que celebramos Jaime Neves e a sua memória, aguardando com curiosa e desconfiada atitude o que por aí virá. 

É que custa a acreditar que, assim de repente, celebrar o 25 de novembro já não divida os portugueses.

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