Luso-brasileiro

© D.R.

Eu sou filho de mãe portuguesa e pai brasileiro, nascido e criado no Rio de janeiro. Uma cidade linda e repleta de portugueses que imigraram há anos atrás pelas oportunidades que existiram naquele país, mas o tempos mudaram.
Minha jornada começou quando as surpresas da vida começaram a chegar, fiquei quinze anos sem ver o meu falecido pai, e a minha mãe adoeceu.
Durante dois anos cuidei de minha mãe em cima de um leito depois de um derrame mal diagnosticado pelos médicos e gastei tudo o que eu
tinha para salvá-la. Ela era tudo o que eu tinha e teve de ser internada quando seu estado agravou-se, pelo facto de já não poder andar e se mover, sob uma cama se fechou como uma flor. Em uma tarde de sol fui visitá-la ao hospital mas no meio do caminho o meu carro quebrou em frente a uma oficina. Após o carro ter sido consertado retornei para a minha casa pois o horário de visita do hospital já havia encerrado. Ao chegar à casa o telefone de minha sala tocou e recebi a notícia que ela havia falecido. Chorei e percebi que o meu carro havia quebrado no caminho para eu não poder ver os últimos instantes de aflição de minha mãe.
Estava sozinho e sem dinheiro no meio de uma multidão. Eu era ambicioso e muito trabalhador mas o Brasil não me dava as oportunidades que eu necessitava. Como eu tinha sangue português nas veias decidi imigrar para Portugal. Cheguei aqui no ano de 2009 com apenas 22 anos de idade, com uma missão que não poderia voltar atrás, mesmo sabendo que haveriam muitas dificuldades.
Um jovem com com sangue português mas com sotaque brasileiro que provou as duas realidades. Mesmo sendo honesto e trabalhador sofri como todo o imigrante sofre muito preconceito, xenofobia e humilhações desnecessárias até por parte de alguns familiares portugueses. Eu paguei a fatura dos erros dos outros e tinha consciência disto.
Em três anos tive três empregos, concorri a concursos públicos e entrei para a faculdade de Direto da universidade de Lisboa, estudando com livros emprestados. Meu primeiro professor foi o atual Presidente da República, senhor professor Marcelo Rebelo de Souza.
Sou o tipo de imigrante que não dependeu de subsídios e de cheques do Estado. Vivi numa cave sem janelas com 6m2 por mais de três anos
trabalhando e estudando todos os dias. Minha solidão era curada com os meus livros e objetivos. Era tudo quase impossível para um órfão de pai e mãe alcançar mas no “impossível” a concorrência é menor!
Minha postura, meus planos e objetivos mudaram completamente, pois a vida me forçou à seguir uma única direção mesmo antes de mostrar me
os caminhos para seguir.
Atualmente tenho 36 anos, conquistei uma grande casa própria, um bom emprego, um bom carro e uma linda mulher.
Comecei a gostar de política e analisar a situação atual do país. Sou de direita e percebo a necessidade de mudanças urgentes na política social. Sou contra ao politicamente correto que prejudica tanto o povo português e o imigrante trabalhador. A direita necessita demonstrar a cada dia que entre os imigrantes existem exceções como eu, que contribuem para um país melhor e que temos de ser imparciais com relação as maiorias e minorias.
Necessitamos quebrar as falsas informações de que a direita não gosta dos imigrantes, pois o próprio povo português imigra há centenas de anos com o mesmo objetivo de alcançar uma vida melhor lá fora. Temos é de ter apenas a atenção com respeito a imigração descontrolada, daqueles que não contribuem com nada e que acabam por depreciar a qualidade de vida em nosso Portugal. Entretanto a direita sabe que existem exceções. Temos que ter respeito aos imigrantes que contribuem de forma positiva em Portugal.
Por fim, eu combati um bom combate e continuarei a combater esse bom combate no que puderem contar comigo.
Não desejo identificar me neste momento mas a minha experiência de vida têm de ser passada pois de certeza não foi em vão.

PSP – Anónimo

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