O ASSASSINATO DE SÁ CARNEIRO – Os envolvidos (também tu, Otelo?)

Chegados à inevitável conclusão que o avião que vitimou Sá Carneiro foi sabotado, falta saber quem foram os autores materiais: José Esteves e Sinan Lee Rodrigues são as duas personagens mais importantes desta trama, são os dois operacionais. Mas há mais.

Lee Rodrigues: é o seu nome mais conhecido, mas não é o único. Este personagem tem conhecidas mais de 50 identidades. É um criminoso com reputação internacional, indiciado pela Interpol. Para além de um longo cadastro, com prisões no Cairo, Roma, S. Paulo, Lisboa e por este mundo fora, é piloto e mecânico de aviões e especialista em armas e explosivos. É um profissional. Não diz uma palavra que não queira. Foi acusado de homicídio no processo judicial de Camarate. 

Nos termos da acusação particular feita pelas famílias no inquérito de Camarate os factos imputados a Lee Rodrigues, José Esteves, Canto e Castro e à sua mulher, Joanita di Valleriano, são os seguintes: Canto e Castro é acusado de ter encomendado materiais explosivos em Londres, a mulher de os ter entregue a José Esteves, que terá fabricado a bomba, e é Lee Rodrigues apontado como o executor do atentado, através da colocação do engenho no Cessna, que se despenhou na noite de 4 de Dezembro de 1980 em Camarate. Nunca cumpriu pena por estes crimes.

José Esteves: Antigo motorista e segurança de Freitas do Amaral. Usava a viatura do CDS para transportar armas e material explosivo.  Especialista no fabrico de bombas e no manuseio de armas de guerra e explosivos, foi também comandante da FNLA em Angola. Durante a investigação foram descobertos extratos bancários de uma conta no Crédit Lyonnais espanhol com data da semana anterior à queda do avião, com cheques passados a José Esteves por Otelo Saraiva de Carvalho, um de sete mil contos e outro de cinco mil conto, uma fortuna para a época. As ligações entre estes dois terroristas são estranhas. 

Dira Otelo do seu grande amigo José Esteves: “Ele é boa pessoa”. Pois, os terroristas protegem-se uns aos outros. É nesta altura que as FP 25 de Abril iniciam a sua onda de terror. Coincidência?

Em declarações ao programa «Grande Entrevista» da RTP1, o antigo presidente do CDS invocou que «há três questões que não foram investigadas até ao fim» no caso da morte de Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa e que deviam «ser retomadas pela Assembleia da República»: o relatório dos peritos internacionais sobre os equipamentos técnicos do avião e explosivos, a investigação da venda de armas, em 1979-80, e do Fundo de Defesa Militar.

Freitas do Amaral considera que a ausência de continuidade das investigações representa «uma nódoa na credibilidade e na seriedade do Estado português».

O antigo segurança José Esteves afirma, num depoimento enviado à X Comissão de inquérito sobre a tragédia de Camarate, ter sido previamente informado que o alvo do atentado seria o então ministro da Defesa Adelino Amaro da Costa.

«No final de novembro, talvez a 29 ou a 30, Fernando Farinha Simões refere-me que o alvo desta operação é o engenheiro Amaro da Costa», escreveu José Esteves, no depoimento que enviou aos deputados da X comissão de inquérito e que divulgou à comunicação social.

José Esteves afirma que «cerca do dia 1 de dezembro de 1980», acompanha Fernando Farinha Simões a uma reunião em que participam também Carlos Miranda e Sinan Lee Rodrigues. «Farinha Simões refere que a operação será para realizar dentro de poucos dias e que o alvo é Adelino Amaro da Costa. Afirmo então que o engenho que me pediram para preparar já está pronto», escreveu, citado pela agência Lusa.

Numa entrevista à revista Focus, em 2006, José Esteves reclamara a autoria da bomba que disse ter provocado a queda do avião mas o crime já tinha prescrito.

O caso nunca chegou a ser julgado. VERGONHA

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