O Dictionary.com define o feminismo como “a doutrina que defende direitos iguais entre mulheres e homens — tanto no âmbito social e político, como em todas as demais áreas”. Mas qualquer coisa é só e apenas aquilo que fazemos dela.
Definir o movimento feminista é possível. Basta olhar pela janela de qualquer grande cidade Europeia: os monumentos de importância nacional vandalizados e danificados, fruto dos protestos organizados por estes autoproclamados “pacifistas”, são mais úteis do que qualquer dicionário online. Mas nem sempre foi assim. Outrora, o feminismo já foi uma causa nobre.
Grandes mulheres, sempre as houve. Não achará certamente o leitor que terão sido a Cleópatra, a Artemisia Gentileschi ou a Jane Austen simples mulheres submissas. Não obstante, só a partir do final do século XIX, em meio a uma sociedade industrial, urbana, cientificista e liberal, é que grupos de mulheres, apoiadas por homens de todos os backgrounds políticos, ideológicos e sociais, se juntaram de forma a conquistar direitos naturais e inerentes à sua condição individual: os direitos ao voto e à participação na vida pública.
É preciso realçar, apesar de tudo, que, no início, a narrativa aparentemente inclusiva do movimento feminista não englobava ainda as mulheres negras. Essa conquista só vem depois.
Mais tarde, nos anos de 1950, o feminismo recebe uma “atualização de software”: os seus defensores apercebem-se de que, se começassem a “brincar aos Deuses” e criassem forçosamente conceitos novos, talvez ganhassem qualquer coisa. Nasce o “género” como categoria opressora: um papel social que é baseado em (e atribuído a) preconceitos ligados ao sexo biológico de cada indivíduo.
Ora, isto não passa, como é óbvio, de uma tentativa falhada de categorizar uma série de preferências e inclinações na forma de agir do Homo Sapiens, criando, assim, divisões excessivas, complexas e tóxicas na sociedade. Não são mais do que simples traços de personalidade.
Mas só nos anos 90 é que as coisas começam mesmo a ficar descontroladas. O movimento feminista adota uma abordagem de radicalismo ideológico, e diverge dos princípios de igualdade jurídica. Aqui, começa a querer abranger todas as mulheres (ou pelo menos aquelas que concordam com um determinado punhado de valores que em nada dizem respeito ao seu papel legítimo na sociedade). Numa propaganda da altura pode ler-se: “Se o teu feminismo não é gordo-positivo, antirracista, trans-inclusivo, pró-escolha, anticapacitista e contra o classicismo, então por quem lutas?”. Este movimento passou a promover uma contracultura que quase roça o autoritarismo.
Se, nos seus primórdios, o feminismo assentava na ideia de igualdade de direitos entre os sexos masculino e feminino, nos tempos que correm, assenta-se num único valor: a vitimização. A esquerda radical feminista ocupa-se apenas de procurar desculpas para dividir cada vez mais a sociedade.
Pintam esta ideologia com tintas como as da enorme discrepância salarial e da falta de representação em diversos setores do mercado de trabalho. O que acontece, na realidade, é muito diferente.
A discrepância salarial, como é geralmente apresentada – as mulheres recebem menos do que os homens pelo mesmo trabalho – é uma fantasia. O feminismo atual, como decerto o leitor já entendeu, não gosta de jogar o “jogo da ciência”, e convenientemente ignora os dados que demonstram que as mulheres são, geralmente, mais propícias a escolher carreiras onde recebem menos (como a educação ou a assistência social), enquanto os homens optam, maioritariamente, por áreas com melhores salários base (como a engenharia). Para além disso, os homens tendem, em média, a trabalhar mais horas semanais, sacrificando aspetos da sua vida pessoal, o que, naturalmente, se reflete em remunerações mais elevadas.
Sobre a representação no mercado de trabalho, é importante perceber que esta não é nada mais do que uma tentativa, sob um pretexto aparentemente nobre, de reivindicar posições de poder. Não é sobre igualdade de representatividade. Afinal, 97% dos trabalhadores na área da construção civil, na União Europeia, são homens. Nunca ouvi uma feminista reclamar a sua posição como uma pedreira nata.
A realidade é que o conceito de feminismo sofreu uma grande metamorfose desde o seu aparecimento. Um movimento com o objetivo original de dar dignidade social e igualdade de direitos a todas as mulheres, passou a um disfarce sob o qual são defendidos, “à mão armada”, ideais de esquerda totalitaristas e distópicos.
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