“Face a esta posição da administração da CGD, que é um ataque à dignidade dos trabalhadores da CGD e uma ofensa à sua inteligência, o STEC decidiu levar a negociação para o Ministério do Trabalho, requerendo o início da fase de conciliação na Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT) na expectativa que, pelo menos aí, as regras de negociação e bom senso sejam respeitadas e dignificadas”, avança o sindicato num comunicado divulgado hoje.
Contactada pela agência Lusa, fonte oficial da CGD “regista que o STEC tenha decidido recorrer a uma forma de negociação alternativa, quando prosseguiam as reuniões com vista à revisão salarial dos colaboradores da Caixa”.
No comunicado, o STEC diz ter tomado esta decisão após oito reuniões negociais e depois de a CGD ter afirmado que a última proposta de acordo salarial para 2024 apresentada pelo sindicato – 4,1% de aumento, com um mínimo de 79 euros e a atualização das diuturnidades congeladas há cinco anos – “representava um custo insustentável” e “punha em causa a sustentabilidade financeira” do banco.
“Como conceber que o STEC continuasse as negociações depois de ouvir isto?”, questiona o sindicato, sustentando que a CGD “não quer negociar”, mas “quer apenas impor”.
Por sua vez, a Caixa recorda ter avançado, em fevereiro, com o processamento de um aumento de 3%, num mínimo de 52,63 euros, salientando que esse aumento foi “superior ao que, mais tarde, foi acordado pelo setor com outros sindicatos”.
“No âmbito da negociação com o STEC, a Caixa já apresentou propostas de atualização superiores, mantendo-se acima do setor bancário em Portugal”, enfatiza.
Contudo, para o sindicato, após os “lucros históricos e inimagináveis” que alcançou, a administração do banco público “esquece-se e desvaloriza o sacrifício dos trabalhadores que os conseguiram, apenas pretendendo obter lucros ainda mais altos, elevando os objetivos a atingir e deleitando-se com autoelogios”.
“Quando se trata de negociar condições de trabalho, salários ou medidas de âmbito social, a administração que rege a CGD determina à partida as suas condições, ‘faz de conta’ que negoceia e, sobranceiramente, ignorando tudo e todos… dali não sai”, acusa.
A CGD lembra que “tem estado a negociar diretamente com o STEC”, num total de oito reuniões já realizadas, e “mesmo depois de este sindicato ter marcado, a 01 de março, uma greve em pleno processo negocial”.
“A proposta da remuneração global para 2024 reflete o reconhecimento pela Caixa do contributo dos seus colaboradores para os resultados alcançados, a posição competitiva da Caixa e as condições remuneratórias de reforma e saúde muito favoráveis, face aos seus concorrentes, em vigor no banco”, considera.
Garantindo que “mantém o objetivo de, à semelhança de outros anos, chegar a um acordo para a atualização salarial”, a CGD salienta, no entanto, que “continuará a ser gerida de forma profissional” e “em concorrência com os restantes bancos, como banco português e de capitais públicos, sustentável, focado na meritocracia e sem pedir esforços adicionais aos contribuintes portugueses”.
O STEC contrapõe que a CGD tem optado por encerrar agências e transferir os respetivos clientes para outras, “mas sem a devida compensação em termos de quadro de pessoal, forçando os trabalhadores a realizarem milhares de horas de trabalho suplementar não remunerado”.
Paralelamente, abre “agências denominadas de ‘SMART’, cujo conceito é substituir os trabalhadores por máquinas automáticas, sem tesouraria, com um quadro de pessoal deficitário e sem qualquer preocupação com as necessidades da população”, diz.
O sindicato sustenta ainda que a Caixa é “insensível aos crescentes e graves casos de ‘burnout’ e às múltiplas baixas médicas que daí resultam”, oferece “melhores condições salariais a quem entra de novo, do que as auferidas por quem já trabalha na CGD há mais anos” e parece pretender “pôr em causa a existência dos serviços sociais” do banco.
Para o STEC, a atualização salarial este ano tem de ser “consentânea com o aumento da produtividade dos trabalhadores da CGD” e permitir aos trabalhadores “recuperar algum do poder de compra perdido nos últimos anos”.