Novos protestos contra Macron e reforma de pensões

© D.R.

Centenas de manifestantes contra a nova lei que aumenta de 62 para 64 anos a idade das aposentações concentraram-se hoje numa cidade do sul de França antes da visita do presidente, Emmanuel Macron, enquanto outros protestos decorriam pelo país.

A deslocação de Macron a Ganges surge no contexto de um novo esforço concertado entre ele e o seu Governo para superar o movimento de contestação social de quase três meses no país, agora que a polémica revisão da lei das pensões já foi promulgada.

Os manifestantes entoaram o que se tornou o hino dos protestos contra o aumento da idade de reforma no país: “Estamos aqui, estamos aqui, mesmo que Macron não queira, nós estamos aqui!”.

O Presidente francês encontrou-se com professores e alunos de uma escola do 3.º ciclo do ensino básico (7.º, 8.º e 9.º anos), onde falou da sua política educativa.

À sua chegada, as instalações da escola sofreram um corte de eletricidade, que a filial local da central sindical de esquerda Confederação Geral do Trabalho (CGT) indicou ser uma ação de protesto.

Dezenas de agentes policiais foram enviados para a pequena cidade francesa, para impedir que os manifestantes se aproximassem demasiado da escola, e chegaram a lançar gás lacrimogéneo para dispersar a multidão que tentava ultrapassar as barreiras.

Na quarta-feira, Macron esteve no leste de França, onde falou de perto com a população pela primeira vez desde que promulgou a lei, na semana passada. Muitas pessoas aproveitaram a oportunidade para dar voz à sua revolta contra a nova lei.

O aumento da idade de reforma e do número de anos da carreira contributiva para uma aposentação sem penalizações financeiras desencadeou um movimento nacional de contestação, com centenas de milhares de pessoas nas ruas, a partir de 19 de janeiro.

Os opositores ao projeto de lei ficaram ainda mais revoltados quando, em março, o Governo de Macron aprovou o diploma sem o submeter a votação no parlamento (onde não dispõe de maioria), recorrendo a um mecanismo previsto na Constituição.

Isso levou a CGT a convocar ações de protesto em todo o país, que incluíram bloqueios de estradas, quebra de vitrinas e pilhagem de estabelecimentos comerciais, incêndio de mobiliário urbano e do lixo acumulado durante quase três semanas de greve dos serviços de recolha, confrontos com a polícia, ferimentos e detenções.

Após a promulgação da nova lei, e apesar dos apelos dos sindicatos, os protestos passaram de centenas de milhares para apenas centenas de pessoas, na maior parte dos casos.

Hoje, em Paris, concentraram-se centenas de pessoas para uma manifestação pacífica na estação ferroviária Gare de Lyon, dirigindo-se, em seguida, para o centro financeiro de La Defense, na parte oeste da capital, onde irromperam brevemente pelo edifício da bolsa de valores europeia Euronext brandindo foguetes sinalizadores.

“Queremos mostrar que a mobilização continua, não vamos deixar passar esta lei de maneira nenhuma”, disse o dirigente do sindicato da companhia ferroviária Sud Rail, Fabien Villedieu, citado pela agência de notícias norte-americana Associated Press (AP).

A ação na sede da Euronext destina-se a mostrar “onde o dinheiro está”, explicou Villedieu, acrescentando: “França nunca foi tão rica, nunca as multinacionais em França foram tão ricas. O problema é a distribuição da riqueza”.

Macron justificou o aumento da idade de reforma com a necessidade de manter a viabilidade do sistema de pensões nacional, num país cuja população está cada vez mais envelhecida.

Os sindicatos e outros opositores argumentaram que, nesse caso, deveriam ser os contribuintes ou as empresas mais abastados a pagar mais, encarando a nova lei como um enfraquecimento da rede de segurança social do país.

Também hoje de manhã, alguns manifestantes na cidade setentrional de Lille caminharam ao longo da linha ferroviária, bloqueando a circulação de comboios durante cerca de uma hora. Depois, abandonaram o local de forma pacífica.

Hoje também, vários sindicatos se juntaram a uma greve da companhia ferroviária nacional SNCF, perturbando ligeiramente o tráfego ferroviário.

Algumas linhas regionais e comboios suburbanos de Paris foram afetados, ao passo que os comboios de alta velocidade estavam a funcionar quase normalmente, indicou a SNCF.

Últimas do Mundo

Pelo menos 30 pessoas foram sequestradas em três ataques por homens armados durante o fim de semana no norte da Nigéria, aumentando para mais de 400 os nigerianos sequestrados em quinze dias, foi hoje anunciado.
Pelo menos quatro pessoas morreram baleadas em Stockton, no estado da Califórnia, no oeste dos Estados Unidos, anunciou a polícia, que deu conta ainda de dez feridos.
O estudante que lançou uma petição a exigir responsabilização política, após o incêndio que matou 128 pessoas em Hong Kong, foi detido por suspeita de "incitação à sedição", noticiou hoje a imprensa local.
O alto comissário das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos, Volker Türk, denunciou hoje que “pelo menos 18 pessoas” foram detidas no golpe de Estado de quarta-feira na Guiné-Bissau e pediu que se respeitem os direitos humanos.
O Tribunal Penal Internacional (TPI), confirmou, na sexta-feira, que continua a investigar crimes contra a humanidade na Venezuela, depois de em setembro o procurador-chefe Karim Khan se ter afastado por alegado conflito de interesses.
Um "ataque terrorista" russo com drones na capital da Ucrânia causou hoje pelo menos um morto e sete feridos, além de danos materiais significativos, anunciaram as autoridades de Kiev.
O Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) denunciou hoje que um grupo de homens armados e encapuçados invadiu a sua sede, em Bissau, agredindo dirigentes e colaboradores presentes no local.
A agência de combate à corrupção de Hong Kong divulgou hoje a detenção de oito pessoas ligadas às obras de renovação do complexo residencial que ficou destruído esta semana por um incêndio que provocou pelo menos 128 mortos.
O gato doméstico chegou à Europa apenas há cerca de 2000 anos, desde populações do norte de África, revela um novo estudo que desafia a crença de que o berço deste felino é o Médio Oriente.
Os estabelecimentos hoteleiros da região semiautónoma chinesa de Macau tiveram 89,3% dos quartos ocupados no mês passado, o valor mais elevado para outubro desde antes da pandemia de covid-19, foi hoje anunciado.