Oposição angolana pede aos EUA que pressione João Lourenço a avançar com autárquicas

A oposição angolana endereçou hoje uma carta ao secretário de Estado norte-americano, que inicia uma visita Luanda na quinta-feira, a pedir que pressione o Presidente, João Lourenço, a realizar eleições autárquicas antes de 2027.

© Facebook / Adalberto Costa Junior

 

A carta hoje entregue ao embaixador norte-americano, a que a Lusa teve acesso, é subscrita por protagonistas da oposição angolana, entre os quais os líderes da Frente Patriótica Unida, Adalberto da Costa Júnior (presidente da UNITA), Abel Chivukuvuku (líder do projeto político PRA JA), Filomeno Vieira Lopes (Bloco Democrático), a ativista cívica Laura Macedo e os deputados da UNITA, Francisco Viana e Olívio Nkilumbu.

O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Anthony Blinken, deverá chegar a Angola na quinta-feira, no final de um périplo por vários países africanos, entre eles Cabo Verde.

Os signatários da carta pedem a Blinken que apoie um estado democrático e de direito em Angola e pressione o Presidente angolano a realizar as primeiras eleições autárquicas no país, “o único grande país da região sem líderes eleitos a nível local”, a desmantelar as instituições partidarizadas e a permitir acesso de todos os atores políticos aos meios de comunicação social públicos.

Por outro lado, sublinham que a agenda política norte-americana em África, assente nos benefícios económicos mútuos e promoção da democracia e respeito pelos direitos humanos requer um clima de investimento saudável, estabilidade e instituições fortes, mas lembram que o próprio departamento de Estado apontou em 2022 “fragilidades institucionais” do sistema judicial e considera que este “corre graves riscos”.

Além da violação dos direitos humanos, consideram que o clima de investimento em Angola apresenta sérios riscos no futuro para projetos transnacionais de larga escala como o Corredor do Lobito e outros.

No documento refere-se que, além de leis repressivas, que limitam protestos e manifestações, também os deputados têm sido intimados com processos judiciais estratégicos, expressando-se preocupação com a nova lei das Organizações Não Governamentais, por impor regulamentos demasiado rígidos e atribuir um controlo governamental excessivo.

“A sociedade angolana espera que o Presidente reconsidere e evite empurrar Angola para a condição de um Estado pária como a Rússia, Venezuela, Zimbabué e outros países que introduziram legislação semelhante para intimidar a sociedade civil e impede potencial de investimento estrangeiro, em especial, depois das atabalhoadas eleições do ano passado”, assinala-se na carta.

Os signatários esperam que a administração Biden-Harris continue “todos os esforços diplomáticos com o Presidente, João Lourenço, e o seu Governo, para agir de acordo com as expectativas da maioria dos angolanos” e que o instem a evitar a instabilidade que está a promover em Angola com as suas políticas económicas de exclusão, as suas práticas autoritárias e o seu ataque aos pilares da democracia.

Na carta afirma-se ainda que o diálogo estratégico Angola-EUA, que começou em 2009, deve ser atualizado e envolver mais a sociedade civil e os partidos políticos no parlamento e pedem que a comunidade internacional responsabilize o Governo angolano pela não realização de eleições autárquicas, que devem acontecer antes das próximas eleições gerais de 2027.

Por outro lado, “a retórica anticorrupção deve dar lugar a ações reais e tangíveis” e o Governo deve agir para pôr fim à impunidade no abuso dos direitos humanos por parte das suas próprias autoridades”, apelaram.

Na carta convida-se ainda Blinken para um encontro com os líderes da oposição e a assistir com eles ao próximo jogo em que Angola-Burkina.

Blinken iniciou um périplo por África, com passagem por Cabo Verde, República Democrática do Congo, Costa do Marfim e Nigéria, terminando em Angola (quinta e sexta-feira), num contexto em que os Estados Unidos procuram marcar posição face a avanços da Rússia e da China no continente.

Últimas do Mundo

Várias pessoas morreram hoje no centro da capital sueca, Estocolmo, atropeladas por um autocarro num incidente que provocou também vários feridos, afirmou a polícia sueca em comunicado.
A liberdade na Internet em Angola e no Brasil continuou sob pressão devido a restrições legais, à repressão à liberdade de expressão e a campanhas para manipular narrativas políticas, segundo um estudo publicado hoje.
Os Estados Unidos adiaram hoje, pela segunda vez, o lançamento de dois satélites que vão estudar a interação entre o vento solar e o campo magnético de Marte, proporcionando informação crucial para futuras viagens tripuladas ao planeta.
Após os ataques em Magdeburgo e Berlim, os icónicos mercados de Natal alemães estão sob alerta máximo. O governo impôs medidas antiterrorismo rigorosas e custos milionários, deixando cidades e organizadores em colapso financeiro.
Um relatório do Ministério do Interior alemão revela que suspeitos sírios estão associados a mais de 135 mil crimes em menos de uma década. A AfD aponta o dedo ao governo de Olaf Scholz e exige deportações imediatas.
O aumento da temperatura global vai ultrapassar o objetivo de 1,5 graus centígrados no máximo numa década em todos os cenários contemplados pela Agência Internacional de Energia (AIE), relatório anual de perspetivas energéticas globais, hoje publicado.
A Ryanair deve abster-se de impedir o embarque de passageiros, com reserva confirmada, que não sejam portadores do cartão digital, bem como de impor taxas pela utilização do cartão físico, determinou a ANAC - Autoridade Nacional de Aviação Civil.
O Governo ucraniano afastou hoje o ministro da Justiça, depois de este ter sido implicado num alegado esquema de cobrança de comissões na empresa nacional de energia atómica, revelado na segunda-feira pela agência anticorrupção do país.
Pelo menos 27 pessoas morreram e 3,6 milhões foram afetadas pela passagem do supertufão Fung-wong nas Filipinas no domingo, informaram hoje as autoridades locais.
As autoridades espanholas intercetaram 18 migrantes em Pilar de la Mola, que tinham alcançado Formentera, ilhas Baleares, na terça-feira à noite a bordo de uma embarcação precária.