CHEGA desvaloriza declarações de Bolieiro sobre não integrar governo

O CHEGA percorreu novamente hoje o centro de Ponta Delgada em campanha para as legislativas açorianas, desvalorizando as declarações de Bolieiro sobre não integrar o partido num próximo executivo e afirmando que qualquer negociação levará "o tempo que levar".

© Folha Nacional

Na quinta-feira, o presidente do Governo dos Açores e principal candidato da coligação PSD/CDS-PP/PPM (formada em 2020 e atualmente no poder) às eleições de domingo voltou a pedir uma maioria absoluta e disse não perspetivar a integração do CHEGA num futuro executivo.

“Não faz parte do meu cenário”, afirmou o social-democrata José Manuel Bolieiro, que tinha também já dito que se conformará “com a soberana vontade do povo” e que manteria a “humildade democrática para o diálogo, para a concertação social”.

“José Manuel Bolieiro disse que é o povo que decidirá. Ele disse só que não está na perspetiva dele, mas isso… a perspetiva dele não é a perspetiva do povo açoriano. Os açorianos decidirão se querem um governo de maioria absoluta ou não querem, se querem uma maioria de esquerda ou uma maioria de direita, e que peso relativo querem dar às coisas”, referiu aos jornalistas o presidente do CHEGA, André Ventura, antes da arruada, a penúltima iniciativa do partido nesta campanha.

O dirigente — presente no início da campanha na ilha Terceira e desde segunda-feira em São Miguel – reiterou que é preciso aguardar pelos resultados e, a partir daí, trabalhar para uma governação que permita estabilidade durante quatro anos, crescimento económico e um combate à corrupção, ou seja, trabalhar “para haver uma mudança a sério”.

O CHEGA, lembrou, “não é um partido de protesto”, mas “um partido de governo”, com propostas para diferentes áreas, e não quer repetir a experiência de entendimento assinado em 2020 com a coligação de direita, até porque esse governo se “portou mal” com o partido, sem cumprir os compromissos assumidos.

“Tivemos um acordo de incidência parlamentar de três anos e correu mal […]. Enganar-se a primeira vez, todos podem enganar-se. À segunda só cai quem quer”, afirmou.

Sublinhando que o bom resultado esperado no domingo será “uma grande rampa de lançamento” para as legislativas de março, em que está “a lutar pela vitória”, André Ventura repetiu que, tal como a nível nacional, o partido fará esforços para haver uma governação alternativa, para que o PS não regresse ao poder.

O secretário-geral dos socialistas, Pedro Nuno Santos, também candidato a primeiro-ministro, voltou a ser alvo das críticas do dirigente, que lamentou o seu papel na campanha açoriana.

“Pedro Nuno Santos veio fazer o mesmo que Vasco Cordeiro [líder do PS/Açores] esteve a fazer há dias — dizer aos açorianos que o perigo é o CHEGA”, referiu, acrescentando que “o Chega de facto é um perigo para o Partido Socialista”, que até 2020 esteve no poder por 24 anos.

Ao seu lado, o líder regional do CHEGA, José Pacheco, cabeça de lista pelos círculos de São Miguel e da compensação, destacou a necessidade de ter um partido de direita, depois de nos últimos três anos ter existido “um Partido Socialista 2, a cometer os mesmos erros do que o PS e até a inventar uns novos”.

Nestas eleições, se houver um acordo, o dirigente — que prometeu demitir-se caso não consiga pelo menos quatro deputados regionais — não irá “permitir que seja feito à pressa”.

“Há uma série de coisas que nós temos de negociar e há de levar o tempo que levar”, disse.

Em 2020, o PS venceu nos Açores, mas perdeu a maioria absoluta, surgindo a coligação pós-eleitoral de direita, suportada por uma maioria de 29 deputados após assinar acordos de incidência parlamentar com o CHEGA e a IL (que o rompeu em 2023). PS, BE e PAN tiveram, no total, 28 mandatos.

No ano passado, depois de ter votado favoralmente os três primeiros Orçamentos Regionais da legislatura, o CHEGA — já reduzido a um deputado, depois de o outro se ter tornado independente — absteve-se na votação do Plano e Orçamento para 2024.

O documento, que recebeu os votos contra do PS e do BE e também a abstenção do PAN, acabou chumbado, levado o Presidente da República a dissolver o parlamento açoriano e marcar eleições antecipadas para 04 de fevereiro.

Onze candidaturas estão na corrida, com 57 lugares em disputa no hemiciclo: PSD/CDS-PP/PPM, ADN, CDU (PCP/PEV), PAN, Alternativa 21 (MPT/Aliança), IL, CHEGA, BE, PS, JPP e Livre.

Últimas de Política Nacional

Foi distinguido oficialmente pelo Estado, elogiado em Diário da República pela ex-ministra da Justiça e apresentado como um quadro exemplar da governação. Meses depois, Paulo Abreu dos Santos está em prisão preventiva, suspeito de centenas de crimes de pornografia de menores e de abusos sexuais contra crianças.
O presidente da Assembleia da República decidiu hoje não remeter ao Ministério Público o caso da adulteração da assinatura da deputada socialista Eva Cruzeiro, considerando não atingir o patamar de crime, embora se trate de ato censurável.
André Ventura defende hoje em tribunal que os cartazes que visam os ciganos são uma mensagem política legítima cujas exceções ou retirada representaria um “precedente gravíssimo” e que os autores da ação pretendem um “julgamento político” da sua atividade.
O candidato presidencial André Ventura afirmou que Luís Marques Mendes está “condicionado”, considerando que as verbas recebidas pelos concorrentes a Belém como consultores não são uma questão menor.
A averiguação preventiva à Spinumviva, empresa da família do primeiro-ministro Luís Montenegro, foi arquivada na terça-feira, anunciou hoje a Procuradoria-Geral da República (PGR).
A Polícia Judiciária entrou esta terça-feira na Câmara de Mirandela e em empresas privadas para investigar alegadas ilegalidades em contratos urbanísticos. O processo envolve crimes de prevaricação e participação económica em negócio, com seis arguidos já constituídos.
André Ventura deixou claro que não está disposto a ceder no que entende serem valores essenciais, assegurando que não prescinde do seu direito à liberdade de expressão nem aceita qualquer imposição que limite a sua voz política.
O presidente da Assembleia da República decidiu hoje solicitar à Comissão de Transparência a abertura de um inquérito por "eventuais irregularidades graves praticadas" pela deputada do BE Mariana Mortágua por um gesto dirigido a Paulo Núncio.
André Ventura enfrenta hoje a Justiça por causa de cartazes de campanha que defenderam que 'Os ciganos têm de cumprir a lei'. O líder do CHEGA responde em tribunal num processo que volta a colocar frente a frente liberdade de expressão, discurso político e os limites da lei.
Enquanto a Polícia Judiciária o detinha por suspeitas de centenas de crimes de pornografia de menores e abusos sexuais de crianças, o nome de Paulo Abreu dos Santos constava, não num processo disciplinar, mas num louvor publicado no Diário da República, assinado pela então ministra da Justiça, Catarina Sarmento e Castro.