Ex-dirigente João Montenegro defende que PSD tem “obrigação de dialogar” com CHEGA

O deputado e ex-secretário-geral adjunto do PSD João Montenegro defendeu hoje que o seu partido deve dialogar com “todos os partidos de direita”, incluindo o CHEGA, para liderar esse espaço político e evitar novo Governo socialista.

©Facebook de João Montenegro

 

“Se ao lado direito do PSD, existe um partido, o partido CHEGA, que pode ter um milhão de votos nas próximas legislativas, então o PSD tem a obrigação de dialogar com esse partido”, afirmou João Montenegro, numa declaração escrita enviada à Lusa.

“Está na altura do PSD se desamarrar e liderar a direita em Portugal”, defendeu o antigo adjunto do gabinete do ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho.

João Montenegro, que dirigiu a campanha interna de Pedro Santana Lopes e foi secretário-geral adjunto do PSD com Passos e com Rui Rio, apelou a Luís Montenegro para que siga “o exemplo de José Manuel Bolieiro”, líder do PSD-Açores, e que assuma “que quem decide é o povo, o povo é que se pronuncia, que vota e que decide”.

“O povo é soberano. Quem decide são os eleitores”, insiste João Montenegro, citando uma entrevista do presidente do Governo Regional dos Açores ao Observador.

Para o ainda deputado do PSD, – que ficou fora das listas para a próxima legislatura – “o PSD não pode, em circunstância alguma, viabilizar um Governo minoritário do Partido Socialista”.

“Na equação da decisão política deve-se ponderar que o próprio PS também não viabilizaria um Governo da AD. Politicamente seria criminoso deixar o PS continuar a governar Portugal”, considera.

Por isso, defende, “o PSD tem que estar disponível para o diálogo com todos os partidos de direita e liderar esse mesmo espaço político”.

O presidente do PSD, Luís Montenegro, reiterou ainda esta semana, em entrevista à CNN, as suas balizas para um eventual futuro Governo que venha a liderar: “Governarei se ganhar as eleições e governarei na base de um apoio político que não integrará o CHEGA”, embora tenha admitido que “o PSD é muito maior” do que ele.

“Não tenho nenhuma tentação de me fazer maior que o PSD, eu não acredito em super-heróis”, disse.

Se não conseguir alcançar nas urnas essa maioria nem formá-la através de acordos parlamentares com partidos como a IL, Montenegro disse estar “disponível para governar com um governo minoritário como já aconteceu”.

Confrontado com uma frase de André Ventura de que teria “a garantia” de que se houver maioria de direita o PSD irá formar Governo com o CHEGA, o líder do PSD considerou-a “muito estranha” e reduziu “a zero” essa possibilidade consigo na liderança.

“O PSD tem uma liderança assumida por mim e a nossa liderança já balizou as condições em que vamos exercer a governação, André Ventura tomará as decisões que entender e será responsabilizado por elas”, disse.

A Região Autónoma dos Açores vai a votos no domingo, após a primeira legislatura com fim antecipado na história do arquipélago, na sequência do chumbo do Plano e Orçamento Regional para este ano e da dissolução da Assembleia Legislativa pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

Em 2020, o PS venceu nesta Região Autónoma, mas perdeu a maioria absoluta, surgindo a coligação pós-eleitoral de direita, suportada por uma maioria de 29 deputados após assinar acordos de incidência parlamentar com o CHEGA e a IL (que o rompeu em 2023). PS, BE e PAN tiveram, no total, 28 mandatos.

No Continente, haverá eleições legislativas antecipadas em 10 de março de 2024, marcadas pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, na sequência da demissão do primeiro-ministro, António Costa, em 07 de novembro, alvo de uma investigação do Ministério Público no Supremo Tribunal de Justiça.

Últimas de Política Nacional

O CHEGA voltou a bater de frente com o Governo após o novo chumbo ao aumento das pensões. O partido acusa o Executivo de “asfixiar quem trabalhou uma vida inteira” enquanto se refugia na “desculpa eterna do défice”.
O Ministério Público instaurou um inquérito depois de uma denúncia para um “aumento inexplicável” do número de eleitores inscritos na Freguesia de Guiães, em Vila Real, que passou de 576 inscritos nas legislativas para 660 nas autárquicas.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) reconheceu hoje que foram identificadas sete escutas em que o ex-primeiro-ministro era interveniente e que não foram comunicadas ao Supremo Tribunal de Justiça "por razões técnicas diversas".
Com uma carreira dedicada à medicina e ao Serviço Nacional de Saúde, o Prof. Horácio Costa traz agora a sua experiência para a política. Médico desde 1978, especialista em Cirurgia Plástica Reconstrutiva e Estética, fundador do único serviço europeu com três acreditações EBOPRAS e professor catedrático, Costa assume o papel de ministro-sombra da Saúde pelo CHEGA com a mesma dedicação que sempre marcou a sua carreira. Nesta entrevista ao Folha Nacional, o Prof. Horácio Costa fala sobre os principais desafios do SNS, a falta de profissionais de saúde, a reorganização das urgências e a valorização dos trabalhadores.
A conferência de líderes marcou hoje para 19 de dezembro as eleições dos cinco membros do Conselho de Estado, três juízes do Tribunal Constitucional e do Provedor de Justiça, sendo as candidaturas apresentadas até 12 de dezembro.
O grupo parlamentar do CHEGA/Açores enviou hoje um requerimento à Assembleia Legislativa Regional a pedir esclarecimentos ao Governo dos Açores na sequência da anunciada saída da Ryanair da região.
A Comissão de Assuntos Constitucionais chumbou a iniciativa do CHEGA para impedir financiamento público a mesquitas, classificando-a de inconstitucional. Ventura reagiu e avisa que Portugal “está a fechar os olhos ao radicalismo islâmico até ser tarde demais”.
O ex-presidente da Câmara de Vila Real Rui Santos está acusado pelo Ministério Público (MP) de prevaricação, num processo que envolve mais cinco arguidos e outros crimes como participação económica em negócio e falsas declarações.
André Ventura disparou contra PS e Governo, acusando-os de manter um Orçamento “incompetente” que continua a “sacar impostos” aos portugueses. O líder do CHEGA promete acabar com portagens, subir pensões e travar financiamentos que considera “absurdos”.
O Parlamento começa esta quinta-feira a debater e votar o Orçamento do Estado para 2026 (OE2026) na especialidade, numa maratona que se prolonga por cinco dias e culmina com a votação final global a 27 de novembro.