Portugal enfrenta uma realidade alarmante no seu sistema de saúde. Num país onde quase dois milhões de cidadãos não têm acesso a um médico de família, assistimos à proliferação de um fenómeno que apenas agrava a crise existente: o turismo de saúde. Este conceito, que transforma o Serviço Nacional de Saúde (SNS) num destino para estrangeiros à procura de tratamentos dispendiosos e gratuitos, é uma verdadeira afronta a quem vive, trabalha e paga impostos no nosso país.
Enquanto milhares de portugueses esperam meses por consultas e cirurgias, muitas vezes sem a mínima garantia de quando serão atendidos, o SNS abre as portas a “turistas de saúde” que usufruem de tratamentos caros sem qualquer retorno financeiro para o Estado. Este é um problema que custa “centenas de milhões de euros” a Portugal, conforme admitem as próprias autoridades. E o que faz o governo? Nada. Ana Paula Martins, ministra da Saúde, admite o problema e confirma que, de facto, os hospitais portugueses estão a ser usados por doentes internacionais, mas a sua solução é realizar estudos, como se a solução não fosse já óbvia.
O sistema de saúde português, criado para proteger e servir os seus cidadãos, está a ser explorado por quem vê no nosso país uma oportunidade de obter cuidados de saúde de alta qualidade a custo zero. Enquanto isso, o cidadão comum, o português que contribui para o sistema, é negligenciado, passando horas ao telefone na tentativa de marcar uma consulta ou de simplesmente obter informações sobre o seu estado de saúde.
O que é mais revoltante é que os estrangeiros têm direito a uma linha de atendimento exclusiva. Sim, enquanto os portugueses são deixados à espera, os “turistas de saúde” recebem tratamento prioritário, numa clara demonstração de que o governo valoriza mais os de fora do que os de dentro. Como podemos aceitar esta injustiça? Como podemos continuar a permitir que o SNS, pago com o dinheiro de todos nós, se torne num serviço para estrangeiros?
E não é só a falta de médicos que assombra o país. A verdade é que o nosso próprio idioma está a ser relegado para segundo plano no sistema de saúde. É comum ver os atendimentos realizados em línguas estrangeiras, como se Portugal tivesse de se adaptar a quem vem de fora, em vez de valorizar a sua língua e cultura. Em vez de cuidar dos seus cidadãos, Portugal transforma-se num destino de “bem-estar” para quem procura saúde barata. Isto é inaceitável.
Portugal está a falhar redondamente ao não cuidar da saúde dos seus próprios cidadãos. E tudo isto é reflexo de um sistema de saúde que perdeu o rumo, onde as prioridades estão trocadas. O que deve ser feito é claro: o SNS deve ser para os portugueses. Devemos colocar os nossos em primeiro lugar, assegurar que quem paga e contribui para este país tenha o atendimento e os cuidados que merece.
É hora de limpar Portugal, de exigir que o nosso sistema de saúde seja gerido para quem cá vive e não para quem vê em Portugal apenas uma oportunidade de usufruir de serviços gratuitos. Chega de colocar os estrangeiros à frente dos portugueses. O nosso país, a nossa língua e o nosso sistema de saúde são de todos nós, e é preciso garantir que são os portugueses os primeiros a serem cuidados e protegidos.