“Por isso, daqui do distrito de Setúbal, eu deixo-vos este apelo, ao distrito, mas também ao país: o tempo é de unidade, porque o nosso adversário não é interno; o nosso adversário é o Partido Socialista. E é esse adversário que nós temos que vencer nas eleições”, acrescentou.
Antes de um ataque cerrado a Pedro Nuno Santos, que o líder do CHEGA parece já dar como vencedor da corrida à liderança do PS, André Ventura acusou o primeiro-ministro António Costa de deixar vir à superfície “a pior tradição do PS, de tentar condicionar a Justiça”, ao usar a residência oficial para fazer a sua defesa num processo em que é investigado e são investigados alguns dos seus ministros.
“Não se iludam, o PS que nós vamos enfrentar, não é nenhum PS renovado, não é nenhum PS novo, não é nenhum PS puro; é o mesmo PS do processo Casa Pia de Lisboa, é o mesmo PS do processo Marquês e agora o de António Costa. António Costa mostrou que não é diferente de Ferro Rodrigues, nem é diferente de José Sócrates”, defendeu.
Para o líder do CHEGA, Pedro Nuno Santos também não traz nada de novo ao PS e ao país porque “representa única e exclusivamente a continuidade do governo de António Costa”.
“O país e a História não nos perdoarão se branquearmos Pedro Nuno Santos, se acharmos que o novo homem do Partido Socialista, com um novo fato e uma nova cara e um novo sorriso, vai trazer alguma coisa de novo aos portugueses”, disse.
“Nós ainda nos lembramos quem é que deu meio milhão de euros a Alexandra Reis no caso da TAP; nós ainda nos lembramos de quem é que tinha pastas importantíssimas deste governo e esteve sempre ao lado de Medina e de Costa nas decisões orçamentais; nós ainda nos lembramos de quem era o Pedro Nuno Santos, cuja empresa fazia negócios com o Estado. Por isso, quando temos tudo isto e alguém se apresenta aos portugueses dizendo `eu venho renovar´, nós só temos uma mensagem para ele: Pedro Nuno Santos, tu não vais renovar absolutamente nada. O teu rosto e a tua cara são o rosto e a cara de António Costa. Por nós não passarás”, sublinhou André Ventura.
O PSD, que já garantiu não fazer alianças com o CHEGA, também não escapou às críticas de André Ventura, que reafirmou a convicção de que só haverá um governo de direita com o apoio do CHEGA.
“Vamos enfrentar o pior Partido Socialista, vamos enfrentar o mais fraco Partido Social Democrata (até a luz cai quando se fala do Partido Social Democrata; fala-se deste PSD e as luzes vêm logo abaixo)”, disse Ventura, brincando com o facto de se ter apagado uma luz quando começou a falar do PSD.
Antes, André Ventura já tinha deixado alguns reparos aos partidos de direita, que, disse, “perdem o tempo e o dia a discutir se querem o CHEGA, se não querem o CHEGA, se pode ser o CHEGA, se não pode ser o CHEGA”.
“Da nossa parte, essa conversa não interessa. Nós só temos uma mensagem para os portugueses. A mensagem é que estamos preparados para ser alternativa, que queremos ser alternativa. E se os outros não quiserem, se não quiserem governar por qualquer razão ideológica, por qualquer razão de complexo, então façam-nos um favor: saiam da frente e deixem-nos governar o país”, disse.
No jantar-comício em Palmela, André Ventura afirmou-se ainda convicto de que o partido estará apenas a uma distância de “6 ou 7 pontos” percentuais do PS e de que é possível uma vitória do CHEGA nas eleições legislativas de 10 de março.