Ordem dos Médicos defende a criação de um novo SNS com uma reforma de fundo

O bastonário da Ordem dos Médicos defendeu hoje, nas Caldas da Rainha, a criação de um novo Serviço Nacional de Saúde (SNS) para acompanhar a evolução e a modernização da sociedade, apostando numa reforma de fundo.

© Facebook da Ordem dos Médicos

 

“Precisamos de um novo SNS. A estrutura da população mudou. Temos uma população muito mais envelhecida e mais exigente do ponto de vista do cuidado. Temos uma ciência, uma tecnologia e uma medicina que evoluíram muito nas últimas décadas, mas parece que os nossos governantes olham para o SNS como há 40 anos”, afirmou à Lusa Carlos Cortes.

Para o bastonário, o país precisa de “uma reforma de fundo do SNS, que integre as necessidades dos médicos, mas também de novos modelos organizativos”, disse Carlos Cortes, após uma reunião com médicos das diferentes especialidades no Hospital de Caldas da Rainha, que integra o Centro Hospitalar do Oeste (CHO).

Segundo o bastonário, a intervenção na saúde tem-se resumido a “pequenos remendos e pensos rápidos, que não resolvem absolutamente nada, apesar de no momento parecerem ser uma solução”.

“Veja-se o problema das maternidades, que se arrasta há mais de um ano, o problema da urgência, que cada vez está pior, o problema dos cuidados de saúde primários, com cada vez mais utentes sem médico de família. É preciso uma reestruturação profunda do SNS e repensar a saúde de uma forma moderna”, deixando de “viver nas glórias do passado” do SNS.

“Temos de melhorar o presente e preparar o futuro do SNS. Hoje, o SNS é uma grande urgência no país. Assenta fundamentalmente no serviço de urgência e isso tem de mudar rapidamente”, constatou.

Carlos Cortes considerou que a solução não passa pela criação de mais Unidades Locais de Saúde (ULS), pois “os piores hospitais”, aqueles que têm “mais dificuldades, estão integrados em ULS”, tais como Beja, Portalegre, Santiago do Cacém, Guarda, Castelo Branco, Bragança e Viana do Castelo.

“Matosinhos é uma exceção porque é uma ULS urbana, onde tudo está numa cidade. Não podemos aferir dos resultados de Matosinhos para o resto do país”, observou.

Carlos Cortes reuniu-se hoje com médicos nas Caldas da Rainha, onde os problemas gerais da saúde também se fazem sentir.

“Aquilo que foi referido por várias especialidades foram as suas dificuldades em termos de recursos humanos”, relatou.

Os médicos transmitiram ao bastonário que muito do trabalho da urgência é assegurado por prestadores de serviço, não obstante, grande parte da atividade está centrada na urgência, o que impede os médicos de se concentrarem noutro tipo de atividade, nomeadamente na enfermaria, nas consultas ou na atividade cirúrgica programada.

“Se as pessoas não têm consultas, não são bem tratadas no internamento ou não são operadas nos tempos corretos, acabam por agudizar o seu problema de saúde e depois têm de ir à urgência. Foi também espelhada alguma desorganização do CHO, que funciona muito pouco como centro hospitalar”, revelou.

Os médicos do CHO apelaram ainda para que o novo hospital fosse “de uma vez por todas construído”.

“A prioridade não é onde é que tem de estar, mas existir um hospital e condições para os médicos se fixarem nesta zona. Encontrei médicos revoltados e chateados por não terem as condições adequadas para tratarem os seus doentes. Apesar de tudo, dão o máximo que têm, mesmo com o muito pouco que o centro hospitalar tem tido nestes últimos tempos”, afirmou.

Carlos Cortes apelou ao ministro da Saúde para “resolver rapidamente a questão do novo hospital e criar condições para os médicos se instalarem nesta zona”.

“Essas condições são as mesmas para todo o SNS: melhores condições de trabalho para os médicos, dignificação do papel do médico e valorização da sua carreira”, reforçou como forma de tornar o “SNS mais competitivo, poder atrair os médicos e estancar a sua saída do SNS para o setor privado ou para a emigração”.

O Centro Hospitalar do Oeste integra os hospitais de Caldas da Rainha, Peniche (ambos no distrito de Leiria) e Torres Vedras (no distrito de Lisboa).

Tem uma área de influência constituída pelas populações dos concelhos de Caldas da Rainha, Óbidos, Peniche, Bombarral (todos no distrito de Leiria), Torres Vedras, Cadaval e Lourinhã (no distrito de Lisboa). Abrange ainda, no distrito de Leira, parte do concelhos de Alcobaça (freguesias de Alfeizerão, Benedita e São Martinho do Porto) e, no de Lisboa, o concelho de Mafra (com exceção das freguesias de Malveira, Milharado, Santo Estêvão das Galés e Venda do Pinheiro).

No total serve cerca de 298.390 habitantes.

Últimas do País

O presidente da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) anunciou hoje que o regulador vai analisar contratos de seguros de proteção ao crédito, onde vê sinais de “algum desequilíbrio” na relação contratual com os clientes.
O casal acusado de triplo homicídio em Donai, no concelho Bragança, em julho de 2022 foi hoje condenado a 25 anos de prisão e ao pagamento de uma indemnização à família das vítimas de 225 mil euros.
Um casal foi condenado a dois anos e nove meses de prisão, suspensa na sua execução, por enviar mensagens de telemóveis falsas a cobrar supostas dívidas em nome da EDP, revelou hoje a Procuradoria-Geral Regional do Porto.
“Vocês não respeitam nada. Uma cambada de racistas, um gangue de racistas.” Ataques e insultos dirigidos a líder parlamentar e deputados do CHEGA levaram comandante a intervir e a chamar a polícia.
A Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição avisa: prepare a carteira. Carne, peixe, fruta e legumes poderão subir até 7% já no próximo ano. Custos de produção disparam, exigências europeias apertam e o retalho admite que, apesar dos esforços, não vai conseguir travar totalmente os aumentos.
O número de livros impressos editados em 2024 caiu 14,3% para um total de 11.615 e o preço aumentou 2,6% face a 2023, revelou hoje o Instituto Nacional de Estatística (INE).
Os doentes classificados como urgentes no hospital Amadora-Sintra enfrentam hoje de manhã tempos de espera de cerca de 12 horas para a primeira observação, segundo dados do portal do SNS.
A direção-executiva do SNS está hoje reunida com a ULS Amadora-Sintra para procurar soluções para reduzir os tempos de espera nas urgências neste hospital, que classificou como “o principal problema” do SNS neste momento.
A CP informou hoje que se preveem “perturbações na circulação de comboios” na quinta-feira e “possíveis impactos” na quarta e sexta-feira devido à greve geral convocada para dia 11 de dezembro.
Só no último ano letivo, chegaram às escolas mais 31 mil alunos estrangeiros, um salto de 22% que está a transformar por completo o mapa demográfico do ensino em Portugal.