Projeto Raiz, produtos agrícolas que chegam do fundo da rua

Um contentor de 18 metros quadrados faz crescer 850 plantas por mês e fornece sete restaurantes, um projeto localizado em Lisboa pronto para espalhar pelo mundo as vantagens de semear em pouco espaço e com pouca água.

Em relação à agricultura tradicional, no solo, “poupamos até 90% da água, até 95% do espaço e até 50% dos fertilizantes, que são usados só quando as plantas precisam”, explica à Lusa Lucía Salas de la Pisa, uma das fundadoras do projeto Raiz, uma ‘startup’ que desenvolveu um sistema de agricultura vertical inovador para cidades.

A técnica é a hidroponia, baseada na água com uma solução nutritiva que alimenta as raízes das plantas. Entre os “barris”, cilindros verticais através dos quais estão a ser alimentadas 132 plantas por outros tantos orifícios (há ao todo sete cilindros), Lucía Salas mostra que a água circula num sistema fechado em que sai de um depósito, é levado aos cilindros, cai em forma de chuva sobre as raízes das plantas e volta ao depósito, num ciclo de três minutos de rega gota a gota por cada meia hora.

Visualmente o projeto de agricultura vertical faz lembrar um contentor sobre o qual se colocou outro feito de um material transparente (acrílico). Na parte de baixo, pintada de verde, está o contentor da água e ao lado uma estação de germinação. Na parte de cima as plantas suspensas nos cilindros.

Lucía Salas mostra o jambu, uma planta da amazónia para clientes brasileiros, a borragem, as flores comestíveis e “outros produtos mais especializados”, fala das plantas “micro germinadas”, sementes germinadas que “concentram um valor nutritivo” e que são entregues uma vez por semana nos restaurantes.

Fornecem restaurantes da capital com as “micro germinadas” acabadas de cortar e a caminho, o vermelho do amaranto e o verde dos brócolos. Lucía Salas conta que, por exemplo, são sobretudo restaurantes italianos os clientes do manjericão, atualmente a principal produção.

“Uma das vantagens da agricultura vertical em meio urbano é que, aproveitando os espaços que já estão dentro da cidade, conseguimos produzir o ano todo o mesmo produto, na mesma quantidade, e é por isso que os restaurantes ficaram muito fiéis à nossa produção e trabalhamos com os mesmos restaurantes desde o começo”, refere.

Lucía Salas de la Pisa sabe que não se pode “alimentar o mundo com manjericão”. Mas há mais de 200 variedades de legumes e ervas aromáticas que podem crescer em hidroponia, do tomate ao pepino, da beringela ao pimentão, assim estejam adaptadas as torres de hidroponia para suportarem os frutos. “No ano passado produzimos aqui tomate e pepino, pimentão-doce e piripíri”.

No futuro, pessoas e instituições que tenham as suas hortas verticais vão poder escolher o que pretendem cultivar.

A Raiz (https://www.raiz.farm), garante, está pronta para as fornecer. A Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa terá uma em breve.

A vantagem de espalharem as hortas, além da ambiental, é que os clientes podem comprar um produto pronto a operar, diz a responsável, garantindo que a ‘startup’ está pronta para vender na Europa, seja para hotéis ou instituições de ensino.

Mas também para o setor imobiliário, para empreendedores, acrescenta Emiliano Gutierrez, fundador da empresa.

Mexicano de origem, em Portugal vai para quatro anos, diz que a Raiz existe há três anos e a horta há dois, após o final da pandemia. Mas a ideia surgiu um dia em Nova Iorque, num terraço com vista para a cidade onde estavam plantas a crescer em hidroponia.

Hoje, em Lisboa, não tem dúvidas: “A agricultura na cidade é viável e cada vez mais necessária”.

Emiliano Gutierrez aponta os benefícios, como a redução da pegada ambiental, a redução das cadeias de abastecimento, como a produção de alimentos mais limpos e saudáveis, sem pragas e sem estarem sujeitos ao clima. E a esses benefícios acrescenta “o escalar da tecnologia”, que a torna mais barata, a que se alia o cada vez maior interesse por produtos locais, mais nutritivos, frescos e saudáveis.

“Começámos cá em Lisboa e vamos crescer internacionalmente. O problema das cadeias de distribuição do sistema alimentar é global”, assegura, otimista de que a ‘startup’ vai reduzir essa pegada mas também contribuir para o aumento da segurança alimentar e para a luta contra a fome. E esses são problemas globais, como o são os perigos de pragas e secas ou tempestades que matam as culturas.

Lucía Salas garante que as pragas estão controladas e que a agrónoma “está atenta” aos mínimos sinais, e reforça a ideia de Emiliano: “Aqui não importa a seca, o calor terrível, a tempestade”.

E fala também da facilidade em gerir a horta, mostra como através do telemóvel acende e apaga as luzes, controla os ciclos da água.

É preciso muita luz? Depende da época do ano, uma hora no verão, três a quatro no inverno.

E depois é esperar. São quase dois meses entre o momento em que se semeia e o momento em que se colhe. Da horta saem por semana 200 plantas para os restaurantes. Frescas, nutritivas e chegadas do fundo da rua.

Últimas do País

O Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH) revelou hoje atrasos na saída de ambulâncias aos pedidos de socorro da população, sobretudo na Área Metropolitana de Lisboa, alguns superiores a uma hora.
O Sistema de Segurança Interna (SSI) admite que o sistema europeu de controlo de fronteiras para cidadãos extracomunitários poderá ser suspenso durante o Natal para evitar filas nos aeroportos, uma medida que já foi autorizada pela Comissão Europeia.
A Guarda Nacional Republicana (GNR) apreendeu 432 botijas de óxido nitroso, também conhecido como “droga do riso”, nas portagens de Paderne da Autoestrada n.º 2 (A2), em Albufeira, no Algarve, e que estavam a ser transportadas para Espanha.
O filho do primeiro-ministro, Hugo Montenegro, foi vítima de um furto no passado dia 29 de setembro, na área da Foz, no Porto.
A Comissão Técnica Independente (CTI) para a refundação do INEM propõe a criação de uma central única de atendimento juntando CODU e SNS24, e a abertura do transporte não emergente de doentes ao setor privado, revela hoje o jornal Público.
A Marinha e a Autoridade Marítima Nacional alertaram hoje para um "agravamento considerável" da agitação marítima nos Açores a partir da madrugada de domingo e até às 18h00 de segunda, com ondas de 12 metros.
A Unidade Local de Saúde (ULS) da Região de Leiria ativou o nível 1 do Plano de Contingência Saúde Sazonal - Módulo Inverno devido ao aumento da procura dos serviços e à necessidade de reforçar a resposta.
A depressão Davide vai afetar a partir de hoje a costa ocidental de Portugal continental com agitação marítima forte, em particular a norte do Cabo da Roca, tendo já sido emitidos avisos, segundo o IPMA.
A decisão do Agrupamento de Escolas José Maria dos Santos, em Pinhal Novo, de remover completamente quaisquer elementos natalícios das fotografias escolares deste ano está a gerar forte contestação entre muitos encarregados de educação, que consideram a medida desproporcionada, injustificada e prejudicial para a tradição celebrada pela maioria das famílias.
Os Técnicos de Emergência Pré-hospitalar decidiram hoje que vão aderir à greve geral agendada para 11 de dezembro, disse à Lusa fonte sindical.