Oficiais da GNR denunciam “crescente desmotivação” e exigem reconhecimento

A Associação Nacional dos Oficiais da Guarda (ANOG) denunciou hoje a “crescente desmotivação” entre os militares da GNR e manifestou “elevada preocupação” com a “desvalorização diária e contínua” dos profissionais, exigindo “consideração e reconhecimento” pelas funções policiais.

“Os oficiais da guarda, comandantes dos militares que andam diariamente na linha da frente e sujeitos às mais diversas atrocidades, comunicam a elevada preocupação por verem uma instituição tão nobre e relevante na sociedade a ser tão desvalorizada diária e continuamente”, refere a ANOG, num comunicado enviado à agência Lusa.

A associação que representa os oficiais da Guarda Nacional Republicana (GNR) lamenta que, ao longo dos últimos anos, tenha existido “uma contínua e acrescida desvalorização, desautorização e desrespeito pelas forças de segurança”, como é o caso dos “múltiplos exemplos” que se repetem ultimamente e com uma “periodicidade preocupante” de situações de agressões diretas a vários elementos das polícias.

A ANOG diz que existe uma demora “no devido tratamento judicial das ocorrências reportadas” e uma “falta de eficácia das reais consequências para os autores dos atos de violência contra as forças de segurança”, considerando que a sociedade portuguesa está a assistir “passivamente ao crescente descrédito” destas forças, que “têm vindo a ser continuamente delapidadas nas condições de trabalho num setor cada vez mais exigente e sujeito ao escrutínio público”.

“Os elementos das forças de segurança, numa clara e completa manifestação do espírito de missão e abnegação que lhes é característica, mantêm-se resilientes na execução de uma função cada vez mais complexa, onde cada um tem de ser especialista em direito, investigador, escritor, sociólogo, aplicar métodos de psicologia, formador, perito em direitos humanos e na igualdade de género e, acrescido a tudo, exercer a sua função policial em situações de elevadíssimo stress, com segundos para tomar decisões que muito provavelmente estarão a ser filmadas por alguém que apenas aproveitará o excerto que lhe for mais conveniente”, precisa.

A associação que representa as patentes mais altas da GNR realça também “a contínua desvalorização” salarial do setor “ao longo da última década”, apesar de o ministro da Administração Interna destacar, “em diversas ocasiões”, que este ano existiu “o maior aumento dos últimos 10 anos”.

Nesse sentido, a ANOG espera que as negociações quanto às condições socioprofissionais dos militares da GNR “sejam retomadas urgentemente num trabalho que se encontra longe de concluído”.

“Ao contrário de outras categorias profissionais com funções de soberania, os militares da GNR não têm direito a fazer greve (reflexo da sensibilidade e relevância das funções para a sociedade), mas a verdade é que a contínua desvalorização da autoridade pública mais cedo ou mais tarde poderá vir a colocar em causa a eficiência da atividade das forças de segurança, provocada pela crescente desmotivação que se vai alastrando ao longo das fileiras”, sustenta.

A associação dos oficiais da GNR refere ainda que os militares desta força de segurança “exigem o devido respeito, consideração e reconhecimento pelas funções policiais, a par da sua devida valorização, há muito esquecida”.

As quatro associações socioprofissionais da Guarda Nacional Republicana têm na segunda-feira uma reunião no Ministério da Administração Interna.

Últimas do País

Dez pessoas, entre as quais cinco crianças, foram hoje feridas sem gravidade por intoxicação por monóxido de carbono numa habitação nos arredores de Coimbra, disse fonte dos bombeiros.
Doze pessoas morreram e 433 pessoas foram detidas por conduçãoem sob efeito de álcool entre 18 e 24 de dezembro, no âmbito da operação de Natal e Ano novo, anunciaram hoje em comunicado a GNR e PSP.
Os doentes classificados como urgentes no hospital Amadora-Sintra enfrentam hoje tempos de espera de mais de 11 horas para a primeira observação nas urgências gerais, segundo dados do portal do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
O diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS), Álvaro Almeida, estimou hoje que há cerca de 2.800 internamentos indevidos nos hospitais, quer devido a situações sociais, quer a falta de camas nos cuidados continuados.
O quinto dia de greve dos guardas prisionais, convocada pela Associação Sindical dos Profissionais do Corpo da Guarda Prisional (ASPCGP), está a ter uma adesão que ronda os 80%, adiantou hoje a estrutura representativa.
Os trabalhadores das empresas de distribuição cumprem hoje um dia de greve, reivindicando aumentos salariais e valorização profissional, e voltam a parar no final do ano.
Dois agentes da PSP acabaram no hospital após serem atacados durante uma ocorrência num supermercado. Agressores fugiram e estão a monte.
Um homem é suspeito de ter matado hoje uma criança de 13 anos, morrendo de seguida numa explosão alegadamente provocada por si numa habitação em Casais, Tomar, num caso de suposta violência doméstica, informou a GNR.
O tribunal arbitral decretou hoje serviços mínimos a assegurar durante a greve dos trabalhadores da SPdH/Menzies, antiga Groundforce, marcada para 31 de dezembro e 1 de janeiro, nos aeroportos nacionais.
O Ministério da Administração Interna (MAI) disse hoje que foi registada uma diminuição das filas e do tempo de espera no aeroporto de Lisboa e que todos os postos têm agentes da PSP em permanência.