Colégios pedem liberdade para desenhar currículos e contratar futuros docentes

As escolas privadas querem ter mais liberdade para desenhar os seus currículos e para contratar licenciados de outras áreas, revelou a associação representativa do setor, explicando que estes futuros professores teriam formação pedagógica nos próprios colégios.

©D.R.

Estas são algumas das posições da Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo (AEEP) entregues recentemente aos partidos políticos com assento parlamentar e que serão debatidas no Congresso Nacional de Ensino, que hoje começa em Lisboa.

Ao final da tarde, deputados do PSD, PS, Chega, IL, PCP e CDS juntam-se numa mesa redonda para apresentar as suas visões para o ensino privado mas também serão questionados sobre as propostas da AEEP, contou à Lusa o diretor executivo da associação, garantindo que o evento estava planeado desde o ano passado e que a sua realização em plena campanha eleitoral foi “pura coincidência”.

O ensino privado pede liberdade para poder recrutar licenciados de outras áreas para darem aulas. Rodrigo Queiroz e Melo acredita que as escolas serão capazes de dar a formação necessária para os transformar em professores de excelência.

“Não vemos nenhuma razão para um licenciado em Ciência Política não ser professor de História. Muitas vezes, os melhores de cada geração não seguiram a formação de Educação”, disse.

As escolas já podem contratar docentes com “habilitação própria”, mas a legislação não permite que uma pessoa formada, por exemplo, em Ciência Política possa lecionar História de 2.º ciclo, porque lhe faltam os créditos da área científica da disciplina, explicou Rodrigo Queiroz e Melo.

“Eu posso lecionar Filosofia no secundário se tiver uma licenciatura em Filosofia, mas não o posso fazer se for licenciado em Estudos Clássicos”, acrescentou, revelando que estes profissionais seriam sempre obrigados a realizar cursos de formação pedagógica nos colégios.

Outra das mudanças que gostariam de ver na próxima legislatura era a liberdade de organizar os currículos: “Imagine que temos de dar cinco horas semanais de Matemática. Defendemos que esse tempo pode ser dividido entre trabalho em sala de aula e em casa, em estudo online. Principalmente para os adolescentes, que precisam de mais tempo dedicado às artes e ao desporto, os trabalhos de casa poderiam contar como tempo curricular”, exemplificou.

Mas também existem propostas para as famílias que pagam mensalidades em colégios, com a AEEP a defender que deveria haver um aumento substancial de redução à coleta no IRS.

“O Estado já está a poupar ao não ter estes alunos no ensino público, então deveria deixar de se tributar a parte do ordenado gasto com as mensalidades”, disse o representante do setor.

Atualmente, 20% dos alunos frequentam o ensino particular e cooperativo, mas há quem não pague mensalidades. São alunos de zonas sem escolas públicas e que, por isso, andam em colégios com contratos de associação ou estudantes do ensino artístico especializado que aprendem em escolas particulares pagas pelo Ministério da Educação através de contratos de patrocínio.

Rodrigo Queiroz e Melo diz que os valores destes contratos estão desatualizados, que os “valores são miseráveis”, sendo urgente a sua atualização.

Durante os dois próximos dias, dezenas de oradores e convidados vão debater estes e outros desafios e oportunidades do ensino privado, como a integração da Inteligência Artificial (IA) no processo educativo.

“Não concebemos uma educação sem professores, mas vemos na IA uma oportunidade de melhorar o processo de ensino e de ser um auxiliar, porque permite libertar os professores de algumas tarefas “, disse, dando como exemplo a preparação e classificação de provas.

A educação dos zero aos 6 anos de idade como um contínuo, a internacionalização do ensino e a possibilidade de as famílias poderem escolher uma escola são outros dos temas do Congresso do Ensino Privado, que se realiza na Fundação Calouste Gulbenkian e assinala o 50.ª aniversário da AEEP.

Últimas do País

As empresas de chocolate nacionais enfrentam o otimismo do período natalício, “um dos mais relevantes” para as vendas, não evitando baixar preços porque o valor do cacau continua no dobro da média de 2023.
A maioria dos desfibrilhadores disponíveis nas viaturas dos Sapadores de Lisboa tem componentes cujo prazo de validade está ultrapassado, mas o Regimento deu orientações para que os bombeiros continuem a utilizá-los, denunciou hoje um sindicato.
O aumento de doentes com alta clínica retidos nos hospitais por razões sociais é um dos maiores obstáculos à gestão de camas hospitalares, afetando a resposta nos serviços de urgência e impedindo a realização de cirurgias.
A ULS Amadora-Sintra abriu um inquérito interno ao caso divulgado pela Polícia Judiciária de um alegado abuso sexual de uma utente no Hospital Fernando Fonseca, envolvendo dois internados, anunciou hoje a instituição.
As infeções respiratórias graves continuam a aumentar em Portugal, sobretudo em idosos e crianças, com aumento de casos de gripe nos cuidados intensivos na semana passada e excesso de mortalidade por todas as causas, revelou hoje o INSA.
A Guarda Nacional Republicana (GNR) deteve 19 pessoas que conduziam com excesso de álcool no sangue, durante o primeiro dia da operação Natal e Ano Novo 2025/2026, que arrancou na quinta-feira e e que já regista um morto.
O bacalhau deverá ficar mais caro já no próximo ano, face à redução de quotas no Mar de Barents e ao contexto internacional, segundo as estimativas da Associação dos Industriais do Bacalhau (AIB).
A Polícia de Segurança Pública (PSP) deteve 84 pessoas no primeiro dia da operação Polícia Sempre Presente – Festas em Segurança 2025-2026, entre elas 15 por condução em estado de embriaguez e 12 por conduzirem sem carta.
Quatro serviços de urgência hospitalares de Ginecologia e Obstetrícia vão estar encerrados no sábado, subindo para cinco no domingo, a maioria na região de Lisboa e Vale do Tejo, segundo dados do Portal do Serviço Nacional de Saúde.
O CHEGA elegeu nas últimas eleições autárquicas 13 presidentes de junta. Se um dos temas da campanha foi a ‘imigração’, a ‘passagem de atestados de residência sem qualquer controlo’ foi o tema e uma das grandes bandeiras dos autarcas do CHEGA.