Preços do cabaz alimentar sobem em flecha. famílias desesperam e medidas continuam por aparecer

Enquanto os portugueses contam os trocos no supermercado, o Governo continua de braços cruzados. O preço do cabaz alimentar sobe como nunca, por isso, o CHEGA exige medidas concretas, porque comer deixou de ser um direito e passou a ser um luxo.

© D.R.

No momento em que o custo de vida em Portugal continua a disparar, o preço do cabaz alimentar essencial monitorizado pela DECO Proteste sobe drasticamente, enquanto o Governo de Luís Montenegro falha em apresentar soluções eficazes para travar esta escalada.

“É um assalto aos bolsos dos portugueses”, denuncia o Presidente do CHEGA, André Ventura, sublinhando que os preços estão “absolutamente pornográficos face aos rendimentos” dos cidadãos.
Segundo dados divulgados no início de setembro de 2025, o cabaz de 63 bens essenciais está 17 euros mais caro do que há um ano. Apesar de, nos últimos dias de agosto, ter registado uma ligeira descida de 13 cêntimos, fixou-se em 241,17 euros — um dos valores mais elevados desde que a DECO iniciou este acompanhamento.

Nesse contexto, o CHEGA anunciou, no arranque deste mês, que vai apresentar um projeto no âmbito do Orçamento do Estado para 2026 que prevê a isenção de imposto sobre um cabaz de alimentos essenciais. O PS, por sua vez, tem proposta semelhante no seu programa e admite votar a favor.

Recorde-se que, em maio de 2025, o líder da oposição criticou os socialistas por incluírem o IVA zero no programa eleitoral, alegando que o CHEGA já tinha apresentado a mesma medida em 2023, mas que foi então rejeitada.

“O que mudou desde essa altura para agora? Nada. Só se mantém uma coisa: a falta de vergonha na cara do Partido Socialista nestas eleições”, disparou André Ventura na ocasião.

De acordo com os dados da DECO, entre os bens que mais encareceram destaca-se a caixa de meia dúzia de ovos, que passou de 1,47 euros para 2,06 euros, um acréscimo de 41% em apenas doze meses.

Também produtos hortícolas como a alface e os brócolos registaram aumentos expressivos, agravando ainda mais o peso da alimentação no orçamento das famílias portuguesas.

Outros produtos que registaram subidas, segundo o Correio da Manhã (CM), foram a carne de novilho, de 8,73 para 11,18 euros, o peixe-espada-preto, de 8,06 para 9,82 euros, e o café torrado moído, de 3,62 para 4,38 euros.

De acordo com o CM, desde 1 de janeiro, o produto com maior percentagem de aumento foi o brócolo, que subiu 48%: custava 1,49 euros e passou para 4,13 euros. Os ovos, com uma subida de 28%, são o segundo produto com maior variação de preço, seguidos pelas laranjas (24%). A maçã Gala (18%) e a maçã Golden (16%) completam o top 5 dos alimentos que mais encareceram desde o início do ano. E o Instituto Nacional de Estatística (INE) corrobora os dados.

O INE assinala ainda que os preços dos produtos alimentares e bebidas não alcoólicas têm contribuído de forma significativa para a inflação, embora a taxa homóloga média deste segmento seja atualmente inferior à geral.

“Na maioria dos produtos do cabaz alimentar há um aumento na ordem dos 30%”, reforça o líder do segundo maior partido, frisando que os portugueses “não sentiram nos rendimentos um aumento dessa dimensão”.

Medidas pontuais, como o pacto com o retalho ou a isenção provisória de IVA em 2023–2024, revelaram-se insuficientes: segundo a DECO, desde o fim da isenção, o preço subiu pelo menos 5,43 euros num cabaz de 41 produtos.

Note-se que a DECO Proteste acompanha semanalmente a evolução dos preços do cabaz alimentar desde 2017, monitorizando diferentes categorias, como carne, peixe, legumes, frutas, laticínios e bens de mercearia. Os resultados agora divulgados reforçam a tendência de subida dos bens essenciais, colocando em evidência a vulnerabilidade das famílias perante flutuações de preços em produtos de consumo diário.

Para a associação de defesa do consumidor, a situação exige maior transparência e medidas que garantam estabilidade no setor alimentar, num contexto em que qualquer variação tem impacto imediato no bolso dos portugueses.

Já em 2023, Ventura havia alertado que o IVA zero “valia pouco”, por incidir sobretudo sobre produtos já com taxa reduzida de 6%. Na altura, defendeu que o CHEGA iria propor uma redução de 2 pontos percentuais nas taxas normal (23%) e intermédia (13%) para maior abrangência: “Era importante que alguns bens sujeitos à taxa intermédia ou até à taxa normal de 23% beneficiassem dessa redução. O IVA a 0% ‘vale pouco’ por isso o partido vai propor a descida de 2 pontos percentuais”, afirmou o líder do CHEGA.

O partido acusou, há dois anos, o Executivo de “andar a estudar, mas não propor nada”, enquanto os cidadãos enfrentavam aumentos de 30% nos bens essenciais sem que os salários acompanhassem. A proposta de limitar margens de lucro na grande distribuição era então apresentada como um equilíbrio entre liberdade económica e proteção do consumidor — um debate que regressa com força atualmente.

Portugal continua a assistir a uma guerra entre a inflação persistente e a lentidão das políticas públicas. Enquanto os preços dos alimentos disparam, a resposta do Governo mantém-se tímida e insuficiente, agravando a pressão sobre o poder de compra das famílias.

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