Deixem-me falar do Tiago, um trabalhador da Carris, de 42 anos e pai de família que, quando estava a trabalhar, foi brutalmente atacado pelos bandidos amigos de Odair que estavam revoltados porque o amigo tinha fugido à polícia e acabou morto. O Tiago não conhecia o Odair, não conhecia os polícias e não estava ligado de nenhuma forma ao que havia acontecido. O Tiago estava a trabalhar, a ganhar o sustento para a sua família, quando foi apanhado no meio dos tumultos patrocinados por bandidos a que a imprensa chamou ativistas.
Sim, para a larga maioria dos jornalistas quem incendeia autocarros e caixotes do lixo, espalhando o caos na via pública, são ativistas. Mas para mim e para as pessoas de bem são é bandidos. E estes bandidos, concretamente, atiraram cocktails molotov para cima do Tiago que estava no interior do autocarro e atearam-lhe o fogo, ficando a olhar para ele enquanto as chamas consumiam parte do seu corpo. Em desespero, o Tiago pediu ajuda, tentou apagar as chamas que lhe causavam dores excruciantes, mas eles ficaram a olhar e depois fugiram como cobardes, como os seres humanos menores que são.
Mais tarde foram detidos, mas adivinhem: estão em liberdade! Que país é este? Enquanto o Tiago lutava pela vida, tendo estado em coma durante uma semana, estes bandidos foram detidos e colocados em liberdade.
Toda a gente sabe quem é o Odair Moniz, mas poucos ouviram falar do Tiago Cacais e sabem porquê? Porque o Tiago é branco, trabalhador, cumpridor e não pertence a nenhuma minoria e estas pessoas de bem não interessam à esquerda. A estes militantes da desgraça só interessam as minorias, especialmente quando se trata de bandidos.